Com mestres, doutores e especialistas, Tecpar fortalece produção científica do Paraná 08/07/2025 - 07:56
O Dia Nacional do Pesquisador Científico, celebrado nesta terça-feira (8), reconhece a importância do trabalho dos profissionais da ciência que trabalham para gerar conhecimento e desenvolver soluções para questões relevantes da sociedade. O Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), grande polo de pesquisa científica do Estado e conhecido historicamente como celeiro de grandes pesquisadores, tem atuado fortemente para promover a conexão entre os avanços da ciência e a aplicação das inovações tecnológicas à indústria.
Para que os projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) tragam resultados efetivos, o instituto conta com um time de pesquisadores experientes e alta formação acadêmica. Atualmente, 110 dos 301 funcionários do Tecpar têm formação de mestres, doutores e pós-doutores, ou possuem alguma especialização – o que representa mais de um terço do corpo funcional.
“Os colaboradores do Tecpar são nosso maior ativo e o nosso grande diferencial em relação às demais instituições de pesquisa e desenvolvimento do país. São dezenas de profissionais que, além de liderar ou integrar projetos de pesquisa aplicada e de inovação, ajudam a fazer a ponte entre a academia e a indústria, ligando teoria à prática”, destaca o diretor Industrial da Saúde do Tecpar, Iram de Rezende.
CELEIRO DE PESQUISADORES – O Paraná possui um dos sistemas mais robustos de ciência e tecnologia do País, que é coordenado pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, e conta com a participação do Tecpar em diversas iniciativas para o fortalecimento da produção científica.
Na área da saúde, por exemplo, a experiência da médica veterinária Meila Bastos de Almeida, que é mestre e doutora em Saúde Única com ênfase em diagnósticos pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), tem sido fundamental para dar andamento aos projetos do Instituto.
Funcionária do Tecpar há 15 anos, Meila começou sua carreira como analista em biotecnologia industrial, trabalhando na produção de antígenos para kits de diagnóstico veterinário, e também atuou como gerente de biotério. Hoje ocupa uma função estratégica como assessora da Diretoria Industrial da Saúde, atuando diretamente no desenvolvimento de novos projetos voltados à saúde e estudos em biotecnologia.
Meila conta que atuou por dez anos no atendimento clínico veterinário, mas foi no Tecpar que a vontade de voltar a estudar despertou. “No laboratório onde trabalhava havia uma área dedicada à pesquisa, utilizada por muitos colaboradores que faziam pós-graduação. Isso me devolveu a vontade que já tinha lá na faculdade, mas acabou acontecendo tanta coisa que deixei de lado. Aqui no Tecpar esse desejo voltou mais forte”, pontua.
O primeiro desafio foi o mestrado na UFPR, que envolveu um estudo pioneiro sobre antígenos de brucelose produzidos no Tecpar até o ano 2017. O trabalho foi aceito no 52º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT). "Ao final do estudo, com a utilização de nossos insumos para diagnóstico, ficou registrada a importância epidemiológica de outas espécies de animais no contexto da doença. Foi uma grande contribuição do Tecpar”, ressalta.
Em seguida ela iniciou o doutorado sobre o trabalho com animais de laboratório, mas o projeto foi interrompido devido à pandemia da Covid-19. Para não interromper os estudos, ela mudou o tema do projeto e focou na pandemia, já que coordenava o estudo clínico de um kit diagnóstico para a Covid-19, e acompanhava os estudos da Fase 4 da vacina AstraZeneca, no câmpus CIC do Tecpar.
“Estou sempre envolvida em pesquisas de saúde pública, seja em projetos para atender o Estado do Paraná ou o Ministério da Saúde. Recentemente, com o apoio do Tecpar, comecei um MBA em pesquisa clínica veterinária. Como veterinária, tenho carinho especial pelos projetos da área animal, como a transferência de tecnologia da vacina antirrábica”, observa.
Meila também integrou o grupo responsável pela pesquisa pré-clínica para o desenvolvimento de um dispositivo inovador que pode trazer mais qualidade de vida a pacientes que necessitam de hemodiálise. Esse projeto foi fruto de uma cooperação com a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
VACINA CONTRA ESPOROTRICOSE – Atualmente Meila integra um grupo de pesquisa, cujo projeto foi submetido na Fundação Araucária, que envolve o desenvolvimento de uma vacina contra esporotricose felina. Também conhecida como a “doença do jardineiro”, a esporotricose felina é uma infecção causada por fungos, considerada uma das mais graves doenças que atingem os gatos e que pode ser transmitida para humanos.
“Esse projeto é importante porque, além de ser um benefício para os felinos, ele atende a saúde pública. Esse é um problema sério que está em expansão e pode sobrecarregar o SUS, já que o diagnóstico e o tratamento são difíceis. A melhor maneira de controlar é interrompendo a doença nos animais, e a vacinação cortaria esse ciclo. Nesse projeto, quero colocar em prática o que estou estudando no MBA em Pesquisa Clínica Veterinária”, ressalta.
Para Meila, muitas pessoas não conhecem todas as atividades realizadas por médicos veterinários, incluindo a pesquisa. Segundo ela, os conhecimentos destes profissionais em farmacologia e biotecnologia são úteis em qualquer projeto de saúde pública. “Os maiores epidemiologistas que eu conheço são veterinários. Quando você fala de uma doença como a esporotricose, que é transmitida pelo gato e que está acometendo as pessoas, se percebe a importância do veterinário no controle desse problema”, afirma.
A pesquisadora destaca a importância dos investimentos do Governo do Paraná em ciência e tecnologia, especialmente no Tecpar, para que o instituto possa expandir e realizar desde obras até pesquisas de bancada. “Esse investimento do Estado em pesquisa é fundamental. Usamos esses recursos para fazer ciência e por isso o Tecpar está em expansão. Temos obras em andamento em Curitiba e em Maringá, além de uma série de projetos sendo desenvolvidos, que em breve serão executados”, enfatiza.
DATA – O Dia Nacional do Pesquisador Científico foi estabelecido por lei em 2008, em homenagem à criação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), ocorrida no ano de 1948. A data ressalta a importância de incentivar a produção e atividade científica no país. Algumas instituições celebram na mesma data o Dia Nacional da Ciência.